Biografia
Cypriano José Barata DAlmeida
Biografia
Nasceu este ardente revolucionário, um dos mais intrépidos fautores da independência brasileira, na Baía no dia 28 de Setembro de 1762. Pouco se sabe da sua vida até aos 60 anos, mas é certo que se tornára bastante popular pelo seu patriotismo e ideias liberais, porque tendo triunfado a revolução de 1820 em Portugal, e sendo o Brasil chamado a escolher deputados que o representassem na constituinte portuguesa, foi eleito deputado pela Baía, e no congresso tornou-se notável pelo seu brasileirismo exaltado e pelas tendências democráticas do seu pensamento. A maioria das cortes andara dum modo lamentável com o Brasil pretendendo negar-lhe todos os direitos, mas Barata dAlmeida não poupou nos seus discursos as mais violentas imprecações. Era por tal forma exaltado, apesar dos seus 60 anos que tendo um deputado brasileiro votado com a maioria, e dum modo desfavorável para o Brasil, Barata dAlmeida não esteva com cerimónias e atirou com ele por uma escada abaixo. Quando se votou a constituição portuguesa, Barata dAlmeida não quis assiná-la, e o mesmo fizeram alguns dos seus patrícios. O povo de Lisboa mostrou-se irritado com esta atitude dos deputados da nossa antiga colónia, e sete representantes do Brasil tiveram de fugir escondidos para Falmouth, onde publicaram um manifesto dizendo os motivos por que se retiravam das cortes. Um desses sete era, como se pode imaginar, Barata dAlmeida. Proclamada a independência do Brasil, Barata dAlmeida foi eleito de novo deputado pela Baía, mas dissolvida a constituinte, foi preso em 1824 em Pernambuco. As suas ideias republicanas advogou-as francamente num jornal que fundara em 1823, intitulado A Sentinela da Liberdade. Metido a bordo duma galé de reclusão, só em 1829 foi solto, e os liberais do Rio de Janeiro fizeram-lhe uma ovação. A idade não lhe acalmara o fogo, e, apenas se viu solto, veio de novo inflamar as massas, com a eloquência rude e revolucionária do seu periódico. Daí resultou ser preso outra vez como cúmplice de uma pequena revolta na Baía, e mandado para a ilha das Cobras. Aí não perdeu tempo, e contribuiu para o pronunciamento de 7 de Novembro de 1831 do regimento de artilharia que estava de guarnição na ilha. Só foi solto em 1833, e, voltando à Baía, encontrou já frio o sentimento popular que tanto exaltara outrora. Pobre, velho, com família e sem recursos, o ardente político para viver, fez-se mestre de instrução primária, procurou clínica, porque ele era médico, e fundou uma botica na cidade do Natal, onde era sua filha D. Laura quem manipulava as drogas. Completamente esquecido por aqueles que outrora entusiasmara com a sua eloquência desataviada, às vezes grosseira mas ardente, Barata dAlmeida morreu na cidade do Natal em 1 de Junho de 1838. É um vulto que o Brasil deve venerar, apesar dos desvarios do seu pensamento, porque foi um dos mais ferventes apóstolos da independência e liberdade da sua pátria. (Pinheiro Chagas, 1909)
Biografia de
Cypriano José Barata DAlmeida