Biografia
Gonçalo Pereira Lobato e Sousa
Biografia
(1688-1761) Brigadeiro e Governador da Capitania do Maranhão (1753-1761) (Monção-Maranhão) - Gonçalo Pereira Lobato e Sousa (1688-1761). Foi governador do Maranhão, de 1753 a 1761, onde faleceu, e aí fundou vilas, aldeias e lugares, entre as quais se contam a vila de Viana, a vila de Monção, a aldeia de Lapela, S. Pedro e outras povoações com topónimos monçanenses. Tenho muitos dados sobre o seu governo, no Maranhão. Gonçalo Pereira Lobato e Sousa (filho do anterior) casou, em 1724, com Dona Joana Maria Pereira de Castro, da Vila de Viana (esta faleceu em 28/07/1768 e foi sepultada na Matriz de Monção). Gonçalo Lobato e Sousa foi Brigadeiro e Governador do Maranhão. Foi, também, juiz da Confraria do Santíssimo Sacramento, do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, no ano de 1738. 2.1 Descendentes ilustres de Gonçalo Pereira Lobato e Sousa: · João Pereira Caldas, era filho de Gonçalo Pereira Lobato e Sousa e irmão de Gonçalo Pereira Caldas. Foi senhor da Casa de Sende, pertenceu ao Conselho de Sua Majestade e faleceu na cidade de Lisboa[1], possivelmente no ano de 1794. O Tombo de 1785 refere-o como dono da Quinta de Cerdeiras, Governador do Pará e Senhor da Casa de Sizende. · Gonçalo Pereira Caldas, filho de Gonçalo Pereira Lobato e Sousa e de Dona Joana Maria Pereira de Castro, nasceu em 1738 e casou, em 1 de Dezembro de 1779, na Capela de Sende, na presença do Encomendado Francisco Lourenço, com Dona Inácia Antónia Micaela de Castro Bacelar e Vasconcelos, de Valença. Esta era filha de Francisco Pereira de Castro, Cavaleiro da Ordem de Cristo, e de Dona Rosa Luísa de Lanções Melo e neta de Gabriel Pereira de Castro, Juiz dos Órfãos da Vila e termo de Valença e capitão de Ordenanças, e de Dona Maria Xavier de Castro e Vasconcelos, de Valença. O pároco declara que o contraente é professo na Ordem de Cristo e, à data, Coronel de Infantaria na Praça de Valença. Entre as testemunhas encontrava-se o Rev. João Pinto Barbosa, natural de Cerveira, capelão da Casa e Quinta de Sende. Gonçalo Pereira Caldas, do Conselho de Sua Majestade, foi Tenente General dos Reais Exércitos e, a partir de 1803, foi Governador das Armas da Província do Minho. De 1803 a 1807 foi, além disso, presidente da Irmandade de Nossa Senhora dos Milagres. Este homem foi um grande chefe militar e um político atento, tendo ocupando um cargo importantíssimo, ao tempo da 1.ª invasão francesa, e aí desenvolveu, entre 1807 e 1808, um relevante papel nas estratégias de defesa da fronteira norte do país. Não podemos deixar de apresentar uma brevíssima síntese dos factos e o seu envolvimento nesta causa nacional. O não acatamento de Portugal ao decreto de Napoleão que ordenara o encerramento dos portos portugueses à Inglaterra[2] determinou, como sabemos, a invasão do Reino pelos exércitos franceses. A contagem decrescente para a ocupação do Reino começou a 11 de Outubro, quando foi dada ordem a Junot para invadir Portugal. Num curtíssimo espaço de tempo tenta organizar-se o exército, criar dispositivos de defesa das linhas de fronteira e colher (Ernesto Português. CASA DE SENDE - São Salvador de Cambeses. Memória e identidade de um povo. Monção 2002. pp. 173-180) [1] A transcrição do assento de óbito é de 1/10/1794 mas não refere a data do falecimento. [2] Portugal determinou o encerramento dos portos mas autorizou a residência aos ingleses. GONÇALO PEREIRA LOBATO E SOUSA (1688-1761) Brigadeiro e Governador da Capitania do Maranhão (1753-1761) As mais recentes pesquisas sobre o espólio documental da Casa e Quinta de Sende (localizada na freguesia de Cambeses, concelho de Monção) permitiram-me elaborar algumas notas biográficas sobre este dinâmico Governador do Maranhão (Brasil), onde, além de outros actos administrativos importantes, fundou vilas, aldeias e lugares. Os estudos preliminares sobre esta personalidade foram apresentados numa conferência por mim proferida na Casa-Museu de Monção/Universidade do Minho, no dia 26 de Maio de 2006, subordinada ao título: João Pereira Caldas (1724-1794 Capitão-General e Governador do Grão Pará Uma das figuras mais ilustres da Casa e Quinta de Sende. Gonçalo Pereira Lobato e Sousa é filho de João Pereira de Caldas e de Dona Mariana Catarina de Lançóis e Azevedo, da Casa e Quinta de Sende, onde nasceu em 2 de Janeiro de 1688. Casou com Dona Joana Maria de Castro (nascida em Monserrate, Viana, em 8 de Outubro de 1707 e falecida em Sende no dia 28 de Julho de 1768) de quem teve sete filhos. O mais velho João Pereira Caldas o grande Capitão-General e Governador do Grão-Pará foi, sem dúvida, o expoente máximo desta plêiade de governadores e que, em local apropriado, desenvolvidamente tratamos da sua biografia. Um outro filho, Gonçalo Pereira Caldas, seguiu a carreira das Armas e acompanhou o pai durante a sua permanência no Maranhão, com a patente de Capitão de Infantaria. Mais tarde, ao tempo das Invasões Francesas (1807), haveria de vir a desempenhar um papel importante como Governador das Armas da Província do Minho. Gonçalo Pereira Lobato e Sousa, por morte do irmão primogénito, foi o herdeiro do Morgado de S. Martinho de Sende e assim se tornou o Senhor da mesma Casa e Quinta. Foi Mestre de Campo de Infantaria Auxiliar nos Exércitos de Sua Majestade e detentor dos seguintes títulos nobiliárquicos: Fidalgo da Casa de Sua Majestade, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Familiar do Santo Ofício. Em Portugal, onde passou a maior parte da sua vida, para além de militar, foi vereador da Câmara de Monção, em alguns mandatos, e desempenhou ainda alguns cargos ao serviço da Igreja e da sociedade que se reflectiram no meio sócio-cultural da sua época Assim, em 1738, foi Juiz da Confraria do Santíssimo Sacramento, erecta no Santuário da Senhora dos Milagres, em Cambeses, Monção. Em 1745, juntamente com Manuel António Pereira de Araújo, solicita autorização ao Arcebispo de Braga para se fazer a Tribuna e Sacrário da igreja matriz de Monção. Foi, além disso, o grande impulsionador e líder da concretização do Hospício dos Oratorianos de Monção (colégio de preparação para a vida eclesiástica e aulas de Gramática), a partir do donativo inicial do Coronel monçanense Marinho de Castro, a viver no Rio de Janeiro. Desempenhou, também, o cargo de Síndico Apostólico dos Padres da Província da Conceição, do seu Convento de São Bento da Glória de Monção.[1] Na Câmara de Monção desempenhou a função de Vereador, durante vários mandatos, nomeadamente nos anos de 1739, 1747 e 1750. Neste último ano é referido como Mestre de Campo e aquando da realização das solenes exéquias de D. João V, em Monção, no dia 21 de Agosto, foi incumbido de algumas tarefas que a acta de 4 de Agosto de 1750 especifica. Nos curtos sete anos de governo do Maranhão, como Brigadeiro, foi um governador extremamente activo e fica para a história como um fundador de novas povoações, particularmente nos anos de 1757 e 1758, onde fundou 5 vilas e deu novos nomes a 7 lugares, atribuindo nomes de terras portuguesas, particularmente da terra da sua naturalidade. Fundação de Vilas: Viana, em 8 de Julho de 1757; Monção, em 16 de Julho de 1757; Vinhais, em 1 de Agosto de 1757; Guimarães, em 19 de Janeiro de 1758; Vila Viçosa de Arotoia, em 1 de Agosto de 1758. A vila de Guimarães foi fundada na fazenda chamada Iguarápiranga por doação voluntária do seu proprietário José Bruno de Barros. Entretanto, dá novas denominações a lugares já existentes: Lapela, em 23 de Julho de 1757; S. José de Ribamar, em 4 de Agosto de 1757; S. João de Cortes, em 4 de Outubro de 1757; Nossa Senhora da Lapa e S. Miguel, em 26 de Abril de 1758; S. Mamede, em a 3 de Maio de 1758; S. Pedro, em 4 de Maio de 1758; Frezedela, em 7 de Junho de 1758. Deste conjunto de topónimos é de referir que 8 são minhotos: Viana, Monção, Guimarães, Lapela, Nossa Senhora da Lapa e S. Miguel, S. Mamede, S. Pedro e S. João de Cortes. E destes, cinco são topónimos levados da sua terra de origem: em primeiro lugar, logo a seguir à fundação de Viana, fundou a vila e município de Monção, com a freguesia de S. Francisco Xavier, na antiga aldeia do Carará. Logo depois, rectificou ou deu novos nomes: o lugar de S. João passou a denominar-se S. João de Cortes; S. Miguel passou para Nossa Senhora da Lapa e S. Miguel; a aldeia grande de S. Lourenço do Barbado do Rio Itapurû passou para lugar de S. Pedro; a aldeia pequena de S. Francisco Xavier do Rio Itapurû passou a denominar-se lugar de S. Mamede. De todas estas fundações e refundações, com a implantação de pelourinhos e eleição dos novos administradores, foram lavrados os respectivos autos de fundação, donde consta a presença do Governador e de todas as autoridades presentes. As novas denominações foram, igualmente, registadas em actas minuciosas, pelas quais se constata que esses momentos fundadores para as novas comunidades foram celebrados solenemente com a presença das diversas autoridades administrativas da Capitania: políticas, civis, religiosas e judiciais, locais e regionais. Especial atenção nos merece a fundação da Vila e Município de Monção, pelo topónimo que ele quis deixar como marca da sua passagem pelo governo do Maranhão. Assim, patrono e topónimo ficaram, para sempre, vinculados a essa terra longínqua, embora o facto seja desconhecido, cremos nós, tanto dos brasileiros como dos portugueses. Mas ainda estamos a tempo de remediar a falha de memória que, ao longo dos tempos nos afectou, e fazer com que estas duas terras irmãs se venham a conhecer de perto e a estreitar laços os laços fraternos do passado. No dia 16 de Julho do próximo ano de 2007 comemoram-se os 250 anos da fundação da Vila e município de Monção do Maranhão! Entendemos que é motivo mais que suficiente para uma comemoração condigna de homenagem ao município e ao seu patrono e fundador. Na conferência proferida no passado dia 26 de Maio, na Casa-Museu de Monção/Universidade do Minho, lançamos o repto ao Presidente da Câmara de Monção (Portugal) para que entre estes dois municípios se estabeleçam laços culturais, já que eles estão unidos pelo mesmo nome e pelo fundador daqui natural. O presidente do município local Dr. José Emílio Pedreira aceitou o nosso repto e prometeu estabelecer o necessário contacto institucional com o município de Monção do Maranhão e fez votos para que esta conferência possa ser levada ao Brasil, no próximo ano, nos 250 anos da fundação da Vila e município de Monção do Maranhão! Gonçalo Pereira Lobato e Sousa faleceu no Brasil, em finais do ano de 1761, quando se preparava para regressar a Portugal, depois de já ter sido substituído no governo do Maranhão. Ernesto Português [1] Síndico é a mesma coisa que procurador de uma comunidade religiosa; aquele que defendia o interesse de uma comunidade religiosa.
Biografia de
Gonçalo Pereira Lobato e Sousa