Biografia
João Pinto da Costa Ferreira Leite
Biografia
Deolinda Emília Corrêa Martins Leite Deolinda Emília Correia Martins Leite, nasceu no dia 10 de Novembro de 1850 e faleceu em 1905, seno sepultada no cemitério de Agramonte, no Porto. No Brasil, casou com João Pinto Ferreira Leite, nascido em 1845 no lugar de Cramarinhos, São Martinho de Silvares, Fafe e faleceu, no Brasil, em 1915. João Pinto da Costa Ferreira Leite foi o promotor da construção da escola Deolinda Leite. Um jornal semanário da cidade do Rio de Janeiro, transcreveu na primeira página a biografia, acompanhada de fotografia do benemérito João Pinto Costa Ferreira Leite, ...é um homem que nasceu para a bondade e para o trabalho...com pouco mais de doze annos de idade, veio para esta capital...e se dedicou á carreira commercial. A sorte não lhe foi adversa e doze annos depois...em 1866 elle se estabelecia. É um comerciante...deixou negócio attrahido por outros logares que também podia exercer a sua actividade. E mais adiante continua o periódico Rua Do Ouvidor, ...é um dos directores da Companhia Viação Paulista Bonds de São Paulo e Santos e da Estrada de Ferro Sorocabana, tendo exercido outros empregos de não menor responsabilidade. Foi um dos directores da Real Sociedade Portugueza de Beneficencia, construiu o segundo edificio do Hospital dessa benemérita Sociedade na administração de 1876 a 1878 e em 1877, na administração da Irmandade do Santissimo Sacramento da Candelaria, concorreu para o levantamento do zimborio dessa egreja, uma das obras mais notaveis da nossa capital (Rio de Janeiro). [2] O mesmo periódico[1] continua no relato da biografia do grande benemérito João Pinto Ferreira Leite e diz textualmente: A freguesia em que nasceu tem prestado grandes serviços, devendo ser salientado como um dos mais importantes a construção do cemitério e a fundação e construção de uma escola publica para ambos os sexos, á sua custa. Essa escola denomina-se Escola Deolinda Leite, o nome da sua esposa adorada. Outros serviços que devem ser postos em relevo são o delle ter contribuído largamente para o Asylo Contra a Tuberculose, de Portugal, e ter contribuído para a construção de casas para proletários na cidade do Porto. O jornal Rua Do Ouvidor acrescenta que: Vivendo dos seus rendimentos e dono, como é, de 24 ou 25 prédios bons, os seus proventos não os gasta só comsigo e nas commodidades de uma existencia luxuosa. Isso não o consentiria a sua indole altruista. ...Deve ser aqui mencionado que elle contribiu efficazmente para a educação e formatura de dois amigos seus, acto esse que colloca em louvavel destaque a sua sympathica personalidade. ...O nosso biographado é viuvo da Exma. Sra. Dona Deolinda Martins Leite, de quem teve 11 filhos, dos quaes 10 aqui nasceram e foram baptisados na matriz da Candelaria, a essa egreja em que elle há muitos annos realisou o seu consorcio. Uma filha apenas elle tem que não nasceu em nosso paiz. Essa distincta senhora nasceu em Portugal e é casada com o conde de Lumbrales. A revista portuguesa Eles e Elas acima referida na nota 9 acrescenta que: João Pinto da Costa, mudou-se para o Brasil com o objectivo de tomar conhecimento da enorme fortuna deixado por seu tio, António Alvares Ferreira Leite, natural de Cramarinhos. Escola Deolinda Leite 5 .8.1892 . É esta a inscrição cravada no frontispício do edifício escolar em S. Martinho de Silvares. Entretanto Monsenhor João Monteiro Vieira de Castro, refere-se à inauguração como sendo no dia 6 de Agosto de 1892. Esteve presente ao acto e agraciou a benemérita D. Deolinda, com uma linda dedicatória, esta em posse das herdeiras bisnetas acima referidas. A festa de inauguração augurava um futuro rico de aprendizagens e formação das crianças locais. E assim foi de facto. Porém, em Fevereiro de 1894, decorrido apenas ano e meio da sua abertura, já a escola estava encerrada temporariamente. A razão prendia-se com a vontade férrea do seu professor, (provavelmente o primeiro) Sr. Lindolpho Von Doellinger, de abrir uma escola particular denominada Santa Virgínia, em Fafe, por insistência de muitos pedidos de vários seus amigos. Outros serviços que devem ser postos em relevo são o delle ter contribuido largamente para o Asylo Contra a Tuberculose, de Portugal, e ter contribuido para a construcção de casas para proletarios na cidade do Porto. O jornal Rua Do Ouvidor acrescenta que: Vivendo dos seus rendimentos e dono, como é, de 24 ou 25 prédios bons, os seus proventos não os gasta só comsigo e nas commodidades de uma existencia luxuosa. Isso não o consentiria a sua indole altruista. ...Deve ser aqui mencionado que elle contribiu efficazmente para a educação e formatura de dois amigos seus, acto esse que colloca em louvavel destaque a sua sympathica personalidade. ...O nosso biographado é viuvo da Exma. Sra. Dona Deolinda Martins Leite, de quem teve 11 filhos, dos quaes 10 aqui nasceram e foram baptisados na matriz da Candelaria, a essa egreja em que elle há muitos annos realisou o seu consorcio. Uma filha apenas elle tem que não nasceu em nosso paiz. Essa distincta senhora nasceu em Portugal e é casada com o conde de Lumbrales. A revista portuguesa Eles e Elas acima referida na nota 9 acrescenta que: João Pinto da Costa, mudou-se para o Brasil com o objectivo de tomar conhecimento da enorme fortuna deixado por seu tio, António Alvares Ferreira Leite, natural de Cramarinhos. Escola Deolinda Leite 5 .8.1892 . É esta a inscrição cravada no frontispício do edifício escolar em S. Martinho de Silvares. Entretanto Monsenhor João Monteiro Vieira de Castro, refere-se à inauguração como sendo no dia 6 de Agosto de 1892. Porém, em Fevereiro de 1894, decorrido apenas ano e meio da sua abertura, já a escola estava encerrada temporariamente. Momentos festivos Muitas foram as festas e discursos que se realizaram neste estabelecimento de ensino. Tomemos como exemplo um extracto do proferido no dia do quarto aniversário, por Augusto de Castro. Meus Meninos Há um sentimento nobre na humanidade como na natureza. Ás vezes, nesta mais do que naquela. Tal sentimento, o maior de todos, chama-se Gratidão. ... Portanto, quem diz Gratidão, quem diz Reconhecimento, diz Amor. E amar em taes condicções faz bem á Alma... Que seria do pobre se não existisse a gratidão?... É a riqueza íntima da consciencia... única riqueza verdadeira , única felicidade inata do ser. Devemos ser gratos a todos os que se interessam por nós. Sabeis acaso a quem é que deveis a instrução que ora recebeis?...é ao Sr João Pinto Ferreira Leite, homem honrado e ilustre e á Exmª Snrª D. Deolinda Emília Martins Leite, sua virtuosa e nobre esposa... Sêde felizes, meus meninos, meus bons amigos. Porto, 4 de Agosto de 1896 Augusto de Castro, Os prémios oferecidos nesse dia, constaram de medalha de prata para os quatro melhores alunos, os quais já tinham feito exame da instrução primária no Liceu de Guimarães. Os segundos prémios, para doze alunos, constavam de livros literários. Tudo foi abrilhantado pela música dos bombeiros voluntários de Fafe, e duas dúzias de foguetes. A benemérita ainda ofereceu esmolas aos alunos mais pobres. Nos princípios de Agosto de 1895, tinha-se já celebrado na escola Deolinda Leite, uma sessão solene para comemorar o terceiro aniversário da fundação dessa escola. No decorrer do mês de Novembro de 1894, o Sr. inspector Costa, visitou, em serviço de inspecção, as escolas primárias do concelho de Fafe. Também visitou a escola Deolinda Leite e Santa Virgínia. Achou-as em bom estado e louvou-as com atestados entregues aos professores dessas duas escolas, ficando os professores na posse desses preciosos documentos, prova de bom ensino e aproveitamento. O professor desta escola de S. Martinho de Silvares, era então, o Sr. Paulino da Cunha. Guardou num álbum, que conservou na escola, umas poesias feitas pelo inspector Costa, e dedicadas à fundadora aquando da primeira inspecção em 1894. Em Novembro de 1897 o mesmo inspector deixou outro documento de louvor ao professor Paulino Cunha. Na sua apreciação global, o inspector dizia que além destas duas escolas, mais nenhuma outra chafarica mereceu a honra da visita do Sr. inspector. Estas estavam em bom estado de conservação, limpas e bem servidas de professor.[1] Em 1897 ao celebrar-se mais um aniversário foram distribuídos prémios aos alunos que mais se distinguiram no aproveitamento e comportamento no ano lectivo anterior. O acto foi presidido pelo pároco de S.M. Silvares, padre José Teixeira, secretariado pelo professor Paulino Cunha e pela professora D. Amélia da Cunha Andrade. A família fundadora não assistiu por razões de doença. Estava representada pelo Sr. Joaquim de Silva Monteiro. No fim das cerimónias foi dado um copo-de-água aos alunos. Mas em Agosto de 1899, foi uma festa muito maior do que as anteriores. Agora deslocaram-se do Porto a ilustre fundadora, a Exma D. Deolinda Emília Martins Leite, seus filhos e genros. Em 1900, no oitavo aniversário, houve novamente a distribuição de prémios com a presença da instituidora e da sua família. Eram agora professores, Paulino Cunha e Abílio Leonardo de Gouveia, que elogiaram os fundadores da escola. Foram dezoito os alunos premiados. Há desta cerimónia uma fotografia com vinte e sete rapazes e outra com dezanove meninas, ambas em posse da Dra Margarida, bisneta da fundadora. Em 1901 foram premiados vinte e três alunos. Em finais de 1910 o sub-inspector escolar enviou um ofício à Câmara Municipal, expondo a ideia, e solicitando que se convertesse em feminina, a escola Deolinda Leite, em virtude de já haver uma para o sexo masculino naquela freguesia de S.Martinho de Silvares. A Câmara optou por apresentar a proposta ao Governo e não se conseguiu, para este trabalho, obter o resultado claro da decisão. O professor e a comunidade O povo de Silvares sabendo da intenção do seu professor, de fundar uma escola particular, e da sua provável saída da Deolinda Leite, organizou-se e elaborou um abaixo assinado, que dirigiu à benemérita da escola para que intercedesse junto do professor, para que não abandonasse aquela escola, nos seguintes termos: Exca. Srª D.Deolinda Emília Martins Leite Os abaixo assinados, intérpretes dos sentimentos que animam os habitantes desta freguesia, vêm, perante V.Excia. pedir a conservação do professor da escola Deolinda Leite de que V.Excia. é digna instituidora. O sr. Lindolpho Von Doellinger tem pela sua ilustração e pela educação física, intelectual, moral e disciplinar, empregado na escola durante a sua regência, criado tais simpatias nesta freguesia, que seria da nossa parte uma ingratidão não levarmos ao conhecimento de V.Excia. os verdadeiros serviços por ele prestados ao povo. Confiados, pois, na rectidão e justiça que preside todos os actos de V.Excia., os abaixo assinados imploram a V.Excia. esta graça e penhoradíssimos, desde já agradecem. De V.Excia. humildes criados, S. Martinho de Silvares, 23 de Fevereiro de 1894 (Seguem-se oito assinaturas: Padre, Professor Oficial, Regedor, Presidente da Junta e quatro proprietários). Passados uns tempos, a 12 de Março de 1894, reabriu mesmo a escola, em Fafe, sob a regência do professor Lindolpho Von Doellinger. Este garantiu a continuidade do ensino até ao final do ano lectivo, para benefício dos alunos, pois o professor Lindolpho não queria o prejuízo dos seus alunos, nem queria perder a consideração que os habitantes desta freguesia de S. Martinho de Silvares nutriam por ele. No dia 12 de Junho abriu a escola Santa Virgínia, na Rua D. Luís I, nº11, em Fafe, os cursos de instrução primária, de português, francês e desenho. A competência do ex-professor da escola Deolinda Leite, era penhor seguro para os pais que tinham de mandar os filhos à frequência das aulas regidas por tão digno professor. As matrículas na nova escola foram abertas na casa do Sr. José Maria Gonçalves, negociante. Acto de doação ao Estado Transcreve-se neste capítulo o que consta no Diário do Governo de 26 de Novembro de 1903 aquando da oficialização da oferta dos beneméritos ao Estado, da escola que acabaram de construir. Tendo Deolinda Emília Martins Leite e João Pinto Ferreira Leite offerecido ao Estado um edificio de que os dois são proprietários, onde actualmente funcciona a escola particular para ambos os sexos em S. Martinho de Silvares, Concelho de Fafe, distrito de Braga e circulo escolar de Guimarães; Considerando que a casa offerecida foi vistoriada pela autoridade escolar, que informa estarem cumpridas as disposições legais; Hei por bem transferir para a posse do Estado a escola de que se trata, sob as seguintes condições: 1º- A referida escola continuará a servir, como até o presente, para o ensino dos dois sexos, podendo contudo o Governo adaptá-la exclusivamente á instrucção do sexo feminino, por já existir escola oficial para o outro sexo, quando não convenha por qualquer cincunstancia manter o mesmo regime; 2ª- A dita escola conservará perpetuamente a designação que hoje tem de Escola Deolinda Leite, exteriorizada na faxada do edifício com os caracteres que se acham afixados na respectiva parede ou com outros, e na sala da aula serão conservados os retratos dos fundadores que lá se encontram; 3º- O muro que circuita os rossios da escola será sempre considerado propriedade exclusiva dos doadores e de seus herdeiros ou representantes, podendo os mesmos servir-se delle em toda a sus espessura para qualquer fim e levantá-lo a maior altura a todo o tempo que lhes aprouver, exepto o muro e o gradeamento do lado da estrada os quaes ficarão constituindo pertença da escola; 4º- A doação ficará sem effeito, voltando os bens doados ao poder dos doadores, seus herdeiros ou representantes, desde que ao alludido edifício seja dada applicação differente daquella para que é doado; 5º- O Governo aceitará no primeiro provimento como professora da mesma escola, Maria José Vieira da Costa, habilitada com o curso para o magistério primário. O Concelho de Estado, Presidente do Concelho de Ministros, Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Reino, assim o tenha entendido o faça executar. Paço, em 26 de novembro de 1903 = REI = Ernesto Rodolpho Hintze Ribeiro. Finalmente, em Março de 1935 a Escola Deolinda Leite passou definitivamente para o Estado com todas as prerrogativas que desse acto adviessem. No ano seguinte, a Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Públicos oficiou à Câmara comunicando que não deviam prosseguir as obras no edifício Deolinda Leite, sem que houvesse um projecto devidamente aprovado por Sua Excia o Ministro das Obras Públicas e Comunicações atendendo a que o mesmo edifício pertencia ao Estado. Só em Março de 1938 é que esta entidade enviou à Câmara, por intermédio da Direcção Escolar de Braga, um desenho indicando as obras a executar, visto a edilidade de Fafe ter, sem autorização das entidades competentes, e sem respeito pelas indicações que lhe foram dadas, modificado o mesmo edifício[3]. Adaptado do Livro O ensino em Fafe de Artur Leite 1] - Revista Eles e Elas , 15 de Maio de 1996, página 79 e seguintes [2] - Jornal Rua Do Ouvidor publicado no Rio de Janeiro em 23 de Maio de 1908, nº de série 525 [3] - Acta da Câmara Municipal de 15 de Março de 1938
Biografia de
João Pinto da Costa Ferreira Leite