Documento
Francisco Vilela Barbosa -Marquês de Paranaguá
Documento
Foi Visconde e Marquês de Paranaguá Francisco Vilela Barbosa que nasceu no Rio de Janeiro em Novembro de 1769 e ali morreu em Setembro de 1846, filho de Francisco Vilela Barbosa, natural de Braga (Portugal) e de D. Ana Maria da Conceição. Formado em matemática pela universidade de Coimbra, em 1789 assentou praça na armada e quando 2º tenente prestou relevantes serviços no cerco de Tunis e na perseguição aos pirata argelinos do Mediterrâneo. Nomeado lente da Academia da Marinha, passou em 1801 para o Real Corpo de Engenheiros e em 1810 foi promovido a Major e reformado mais tarde no posto de brigadeiro. DE 1823 a 1825 foi ministro da Guerra, do Império, da Marinha e dos estrangeiros, e em 1829 ocupou as pastas da Marinha e dos estrangeiros. Conselheiro do estado foi encarregado por D. Pedro I de elaborar o projecto de revisão da constituição e em 1840 chamado pelo mesmo monarca para organizar ministério, o que não aceitou, sendo, no entanto, no ano imediato, incumbido da pasta da Marinha. No acto da coroação do Imperador exerceu as funções de Condestável. Publicou dois livros de versos [ ]. Casou duas vezes: a primeira com senhora cujo nome ignoramos; e a segunda com D. Maria da Nazaré de Carvalho, que nasceu em 1792 e morreu no Rio de Janeiro em 1877. O título de Visconde foi-lhe concedido em 1825 e elevado a Marquês em 1826, ambos por D. Pedro II. [in Nobreza de Portugal e do Brasil, coordenado por Afonso Zuquete] MARQUÊS DE PARANAGUÁ O grande matemático, distinto poeta e ilustre estadista Francisco Vilela Barbosa, nasceu no Rio de Janeiro a 20 de Novembro de 1760. Ficando órfão muito cedo, foi à custa de sua madrinha que concluiu os seus estudos preparatórios, e se foi formar na Universidade de Coimbra, mas casando contra vontade de sua protectora, perdeu as mesadas que esta lhe dava e, para concluir, como concluiu brilhantemente a sua formatura, teve de recorrer à ilustrada e caridosa protecção do bispo de Coimbra, D. Francisco de Lemos. Partindo para Lisboa, entrou em 1797 na armada portuguesa como segundo tenente e tomou parte em várias expedições marítimas. Em 1801 foi nomeado lente substituto da Academia de marinha. Passou depois para o exército de terra, e regeu como proprietário a cadeira de geometria. Nesse tempo escreveu um célebre TRATADO DE GEOMETRIA; eleito membro da Academia de ciências e seu secretário interino, cumpriu com zelo os seus deveres académicos. Ao mesmo tempo conquistou merecida fama de poeta com a publicação dos seus POEMAS e da sua PRIMAVERA, que mostram que não são incompatíveis a aridez das matemáticas e a suavidade da poesia. Em 1821 a sua pátria desejosa de ter como representantes homens verdadeiramente notáveis, elegeu-o deputado pelo Rio de Janeiro à Assembleia Constituinte. Vilela Barbosa sem deixar de cumprir os seus deveres de deputado brasileiro, mostrou-se contudo bem pouco desejoso de ver quebrar os laços que uniam à metrópole as colónias. Não acompanhou Feijó, nem Barata de Almeida nos seus protestos violentos, assistiu até ao fim às sessões da constituinte, e só em 1823 se resignou a pedir a sua demissão do posto de major de engenharia que tinha no exército português. Partindo para o Brasil, onde foi logo chamado ao governo pelo novo imperador, mostrou as suas tendências, e seguiu com rigidez inabalável a política conservadora. Foi ele que aconselhou a dissolução da constituinte. Entrando posteriormente para o ministério do marquês de Barbacena, cuja política era mais brasileira, seguiu um caminho oposto que foi o que triunfou momentaneamente, porque D. Pedro demitiu o marquês de Paranaguá. A agitação popular obrigou D. Pedro a dar esse passo, mas a fraqueza do ministério que lhe sucedeu, e cuja nomeação bastou para satisfazer os exaltados, fez com que D. Pedro entendesse que procederia melhor insistindo no sistema de resistência, de forma que chamou de novo o marquês de Paranaguá ao poder em 5 de Abril, mas a agitação popular rebentou com tal fúria que D. Pedro não querendo ceder, preferiu abdicar. O marquês de Paranaguá, no resto da sua vida política, manteve-se sempre intransigente. Presidente do senado, para fazer triunfar o pensamento da maioridade do moço imperador ligou-se com os liberais, mas, passando esse momento, voltou logo para o seu campo. Ainda foi ministro da marinha no gabinete conservador de 23 de Março de 1841, e morreu no Rio de Janeiro a 11 de Setembro de 1846. (Pinheiro Chagas, 1909)