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Visconde de Souto
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Foi único Visconde de Souto José Alves Souto, que nasceu no Porto em Março de 1813 e morreu no Rio de Janeiro em Fevereiro de 1880. Foi banqueiro no Rio de Janeiro, comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e dignitário da Ordem da Rosa do Brasil. Casou no Rio com Maria Jacinta de Freitas Caldas, que nasceu em 1819 e morreu em Outubro de 1885, filha de Manuel Alves de Freitas e de sua mulher Maria de Freitas Caldas. O título foi-lhe concedido em 1862 por D. Luís. Presidente da Beneficência Portuguesa O Visconde de Souto (António José Alves Souto), filho de Manuel António Alves Souto e Dª Maria Antónia da Conceição de Jesus, nasceu no Porto em 28 de março de 1813, na Rua Nova de São João, e faleceu no Rio de Janeiro em 14 de fevereiro de 1880. Aos 16 anos emigrou para a capital imperial do Brasil, onde chegou a 27 de Janeiro de 1830. Começou trabalhando como caixeiro na casa Ferreira Cohn, até instalar-se como corretor de fundos e mercadorias. Em 30 de Agosto de 1834 casou-se com Maria Jacintha de Freitas Caldas. Na década seguinte, tornou-se o primeiro banqueiro de que se tem notícia no Brasil. Sua casa bancária, A. J. A. Souto Cia., era estabelecida à Rua Direita, 59. Amigo do Imperador D. Pedro II, comprou uma grande propriedade que confinava com a Quinta Imperial da Boa Vista, onde construiu uma ampla residência, cercando-a de um dos mais belos jardins do Rio de Janeiro. Numa das extremidades da propriedade, conhecida como Chácara do Souto, criou um zoológico, o primeiro da capital imperial. Com espécimes da fauna brasileira e animais importados da Europa, Ásia e África, o zoológico era franqueado à visitação pública aos domingos e feriados. No ano de 1850 o Visconde de Souto comprou do espólio do Conde de Gestas a Fazenda Bela Vista (ou Boa Vista), onde em 1860 mandou construir um oratório ainda hoje existente sob o nome de Capela Mayrink (nome do seu último proprietário, o Conselheiro Mayrink), considerado um dos mais pitorescos templos do Rio de Janeiro. Foi presidente da Real Beneficência Portuguesa e também um dos fundadores da Junta de Corretores, hoje Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Pelo casamento dos filhos aparentou-se com as famílias do Marquês de Olinda, Visconde de Pirassununga, Conde de Ipanema e do ministro Euzébio de Queiroz, casas das mais ilustres do Brasil. Era comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa por Portugal e dignitário da Ordem da Rosa pelo Brasil. O título de Visconde de Souto foi criado pelo Rei D.Luís I em decreto de 12 de dezembro de 1862. No dia 10 de Setembro de 1864 a casa bancária do Visconde de Souto a mais importante do país faliu e esse triste episódio recebeu o nome de Quebra do Souto, item de estudos, até hoje, da Economia brasileira. Em consequência de tal débâcle, faliram cerca de cem outras empresas, dentre elas diversas das mais conceituadas casas bancárias do Império. A Quebra do Souto foi muito traumática porque a casa bancária do Visconde tinha 10.000 credores e seu passivo equivalia à metade da dívida interna do Brasil. Esse fenômeno mudou os rumos da História da Economia do país. Uma comissão de inquérito, mandada instalar pelo Imperador D.Pedro II, inocentou o Visconde de Souto em 1866, dois anos após a catástrofe. Tendo pago a todos credores menores e mais pobres e a quase todos os maiores e mais ricos, o Visconde de Souto faleceu honrado e respeitado em 14 de fevereiro de 1880, aos 67 anos de idade Francisco Souto Neto Fontes: Biografia, conservada pela família, de autoria do dramaturgo e negociante José de Bessa e Meneses, publicada em cinco edições do jornal Commercio de Lisboa, entre os números de 339 e 347 e entre os meses de fevereiro e março de 1880. Foi o redator do Commercio de Lisboa, Luciano Baptista Cordeiro de Sousa (1844 1900) quem pediu a Bessa e Meneses, que estava naquele ano residindo em Portugal, que escrevesse a biografia. Além disso, inúmeros livros fazem referências aos fatos que menciono abaixo, como Machado de Assis (em Quincas Borba e Hoje Avental, amanhã Luva), Lima Barreto (em O Triste Fim de Policarpo Quaresma), Arthur de Azevedo (em Paga ou Morre!), Liberato de Castro Carreira (em História Financeira e Orçamentária do Império do Brazil desde a sua Fundação), Adolfo Morales de los Rios Filho (em O Rio de Janeiro Imperial e Grandjean de Montigny e a Evolução da Arte Brasileira), Fernando Monteiro (em A Velha Rua Direita), Ney O. R. Carvalho (em A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro 150 anos A História de um Mercado), Antônio Gontijo de Carvalho (em Um Ministério Visto por Dentro), Carlos Manes Bandeira (Parque Nacional da Tijuca) e muitos outros, além de estudos recentes, de autores os mais diversos, divulgados na Internet. As fontes documentais emanam do Arquivo Nacional, Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Real Gabinete Português de Leitura (Rio de Janeiro), Biblioteca Nacional, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional... e outros.