Notável pintor e principalmente retratista exímio, nasceu no lugar chamado Muriqui, depois de 1750. Foi aprender pintura, para que revelava grande vocação, nos ateliers de alguns pintores distintos do Rio de Janeiro.
Começou a trabalhar muito, enchendo as igrejas da capital, e a freguesia do lugar onde nascera, de quadros seus, mostrando-se principalmente notável no género de pintura a cola sobre pano.
Nos retratos porém é que era assombrosa a sua facilidade em apanhar as semelhanças, até de memória, e foi de memória eu pintou em 1808 o primeiro retrato do príncipe regente D. João, que se fez no Brasil.
Chamado ao paço, tirou outros retratos do príncipe, e dos outros membros da família real. Num concurso para a execução dum quadro do retábulo da capela do paço, que devia apresentar a família real toda, foi ele o preferido, em concorrência com um artista italiano.
Nas festas de aclamação de D. João VI em 1816 foi encarregado de vários trabalhos no paço, e de pinturas cenográficas no teatro.
Em 1831, depois da abdicação de D. Pedro I, mandou-se apagar o seu quadro do retábulo da capela do paço, e este vandalismo tanta impressão lhe fez, que o desgosto que daí lhe resultou, cavou-lhe a sepultura, morrendo no dia 8 de Novembro de 1831. Deixou um filho do mesmo nome, que foi também paisagista distinto e bom pintor de flores.
(Pinheiro Chagos, 1909)