Emigrante
João Caetano Gonçalves Viana
Biografia
  Gondoriz, é uma freguesia pertencente ao concelho dos Arcos de Valdevez. Foi ali, que, aos quatro dias do mês de Fevereiro de 1850, nasceu João Caetano Gonçalves Viana. É evidente, portanto, a procedência do tÃtulo de barão de Gondoriz, que possui e lhe foi conferido como galardão dos distintos merecimentos que o exornam, e dos relevantes serviços prestados a muitos dos seus compatriotas residentes em terras do império brasileiro. Em 1863, achando-se na curta idade de 13 anos, mas tendo obtido uma regular instrução, partiu para a América do Sul, onde, impulsionado por natural tendência, se entregou à prática assÃdua do comércio. Seguindo os trâmites de tão útil e honrosa carreira, adquiriu bem depressa conhecimentos e aptidões, que lhe permitiram vir a exercê-la de uma forma e com resultados de todo o ponto invejáveis. Enérgico, activo e inteligente, o mediano comércio a que durante alguns anos se entregou, foi-lhe ainda excelente escola. Às suas já então poderosas faculdades, à largueza do seu ânimo e das suas vistas, quadravam e correspondiam, fascinando-o, operações de maior fôlego, mais ousadas e mais produtivas. Consequentemente, associou-se, em 1872, à firma Victor R. de Oliveira à C.ª, do Pará, e deu-lhe um tão extraordinário impulso, que em breve prazo conseguiu elevá-la à plana das principais exportadoras de borracha. Trabalhador incansável, sempre vigilante e aprestado sempre para a luta, acercava-se em 1879 da estacada em que havia de ganhar as suas esporas de ouro. Sendo a borracha o principal produto da provÃncia do Pará, o barão de Gondoriz alcançou para este género, no referido ano, uma importante alta de 2$500 reis em quilograma, a qual, numa totalidade de cerca de dez milhões de quilogramas, correspondeu a um benefÃcio assombroso, com que muito aproveitou a praça do Pará, e de que resultou passar aquela provÃncia por sensÃveis melhoramentos. Em 1880, acontecendo retirarem-se dois sócios da predita firma Victor R. d'Oliveira C.ª, foi ela substituÃda pela de João Caetano Gonçalves Viana C.ª, de que é chefe, e sob a qual tem continuado as suas operações em grande escala e com singularÃssima felicidade. Em 1882 estabeleceu uma casa no Havre de Grâce, sob a firma Vianna Frères, em que interessou seu único irmão, e que parece destinada a tornar-se emula da que no Pará tem gerido com tão notável proficiência. O brilhante êxito, porém, alcançado pelo barão de Gondoriz na sua carreira comercial, tem-lhe valido uma oposição tenacÃssima, uma guerra sem tréguas por parte de alguns dos seus poderosos concorrentes. O ano de 1883 foi todo de uma luta renhida, com que muito lucrou ainda a praça do Pará, conseguindo o barão de Gondoriz manter sempre a alta do género que explora, não obstante os activos manejos por alguém, empregues para alcançar um resultado contrário. Em Outubro do referido ano, tratou de formar uma Companhia, para negociar em géneros de exportação, levantando naquela praça um capital de dois mil contos de reis. Esta empresa, que promete ser de grandes benefÃcios, tanto para os seus interessados como para a provÃncia do Pará, encontrou logo uma declarada e forte oposição naqueles que recearam vir a ser por ela prejudicados em suas transacções. É de crer, apesar disso, que o barão de Gondoriz, sabendo vencer, como costuma, todos os atritos, chegue ao fim que se propôs. A vida comercial de João Caetano Gonçalves Viana, primeiro barão de Gondoriz, tem sido cortada de inúmeros episódios, todos os quais demonstram igualmente quanto vale a sua vontade indomável e a sua vigorosa inteligência, e plenamente justificam a atitude gigante a que chegou a tomar no mercado do Pará, um dos principais do riquÃssimo império do Brasil. Se o seu futuro corresponder ao seu passado, e não é temeridade supô-lo, o barão de Gondoriz poderá vir a ser, como o barão de Rothschild, uma potência monetária de primeira ordem. Fazemos votos por que assim suceda, para honra e proveito seu, e para proveito e glória dos dois paÃses, Brasil e Portugal, que o consideram e lhe querem com o respeito e afecto a que fazem jus as suas eminentes qualidades. Dotado de notável inteligência e de excelente critério, tendo uma fácil intuição das coisas e possuindo uma soma bastante de conhecimentos para delas tirar o melhor partido, o barão de Gondoriz deve a estas qualidades e recursos todo o seu valimento, o distinto lugar que ocupa entre os membros do alto comércio, e o ser subida e justamente considerado no Brasil, e com especialidade na provÃncia do Pará, onde por mais largo tempo tem vivido. Além disto, a sua exemplar honestidade, o seu procedimento correctÃssimo sob muitos e diversos pontos de vista, a bondade nativa do seu carácter, a sua filantropia, o seu trato esmerado, e outros predicados estimabilÃssimos, influenciam poderosamente para ser, como é, alvo de gerais e afectuosas demonstrações de apreço. O barão de Gondoriz recomenda-se ainda e sobretudo à estima de quantos o conhecem, por sucessivas provas de uma ilimitada longanimidade, em que transparecem as belezas da sua Ãndole essencialmente propensa a condoer-se de todos os infortúnios e a prestar-lhes, com inimitável solicitude, mas sem nenhuma sorte de ostentação, amparo cavalheiro e valiosÃssimo. Outras manifestações da excelência das suas qualidades morais, são irrecusavelmente o extremado afecto, que, não obstante achar-se ausente de Portugal desde a juventude, ele consagra à pátria, e a inexcedÃvel simpatia que lhe merece sempre tudo quanto mais ou menos remotamente se relaciona com a terra em que nasceu. Em rigorosa evidência temos, portanto, os traços que acentuam o seu carácter altamente apreciável, e são — a energia, a inteligência, e a bondade. Neste ponto, com a devida vénia e a exemplo do nosso simpático amigo e colega Salvador Marques, julgamos útil remeter o leitor para a primeira página do Comércio e Indústria, onde, por um breve exame da fidelÃssima fotografia ali exibida, encontrará plena confirmação, em sinais indeléveis, de quanto vimos de expender em referência ao cavalheiro ilustre, cuja apresentação neste lugar nos foi incumbida e que por este modo consideramos feita. Algumas horas depois de havermos terminado este rapidÃssimo esboço biográfico, veio surpreender-nos uma notÃcia extremamente desagradável. Informaram-nos de correr nos centros comerciais de Lisboa, com uma tal ou qual insistência, o boato de ter suspendido pagamentos a casa Vianna Frères, do Havre. Torna-se-nos absolutamente impraticável averiguar do verdadeiro fundamento com que se propagou tão inopinado boato; mas, se ele efectivamente tem razão bastante de ser, apraz-nos supor, que os factos de que haja derivado representarão dificuldades superáveis, e de nenhum modo um infortúnio deplorável. Em colisão de tanta gravidade, o barão de Gondoriz, pela sua comprovada honestidade, largas faculdades e poderosos recursos, saberia seguramente eliminar todos os atritos, vencer todos os obstáculos, a despeito das invejas, e porventura insidias, que possam ter-lhos acarretado, e alcançaria um novo triunfo, um triunfo excepcional, próprio a deixar definitiva e plenamente consolidados os seus já notabilÃssimos créditos. E quando isto não bastasse, as inúmeras simpatias de que goza, as vantajosas relações que mantém, fariam com que encontrasse agora ao seu lado, facultando-lhe apoio incondicional, todos os homens de bem, que apreciam e respeitam justamente as suas levantadas qualidades. Nestes termos emitimos a nossa opinião e manifestamos os nossos desejos.  Lorena Queiroz in Galeria Photographica-Biographica Luzo-Brazileira Lisboa, 1884.  Â
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