Um dos primeiros poetas do Brasil neste século.
Nasceu na cidade de Caxias, na província do Maranhão, a 2 de Agosto de 1824.
Formou-se em Portugal na Universidade de Coimbra, tomando o grau de bacharel em direito, e aí foi companheiro e amigo daquela brilhante geração académica, que produziu os poetas mais eminentes da escola romântica.
Publicou em 1846 os Primeiros Cantos acolhidos com entusiasmo pelo público e saudados brilhantemente pela voz autorizada de Alexandre Herculano.
Seguiram-se os segundos Cantos e os Últimos, confirmando as esplêndidas promessas do primeiro volume.
Aos 25 anos era já considerado um dos grandes poetas não só do Brasil, mas de toda a literatura portuguesa.
Não lhe bastava porém essa glória, e quis conquistar os louros de erudito.
Para isso entregou-se a um trabalho excessivo, de que tirou magníficos frutos, mas que também concorreu para lhe abreviar a existência.
Não só trabalhou no gabinete, mas percorreu em viagens estudiosas o Brasil e a Europa.
Numerosos relatórios sobre instrução pública e o Dicionário da Língua Tupy justificaram a escolha do governo, de que muitos desses estudos o incumbira.
A última viagem que fez à Europa em 1862 já foi determinada por motivos de saúde.
Em Paris achou-se em tão mísera situação que resolveu ir morrer ao Brasil.
A sua morte tinha que ser duas vezes lamentada, porque falsas informações espalharam no Brasil a notícia do seu falecimento, quando o poeta vivia ainda, e até se sentia melhor.
Daí a alguns meses a notícia falsa passava a ser verdadeira, e Gonçalves Dias morria, à vista das costas do Maranhão, no dia 3 de Novembro de 1864, a bordo de um navio que logo depois naufragava.
Deus deu a esse moço poeta, que morria com 40 anos, apenas duas consolações supremas: a de assistir em vida à sua apoteose, e a de ter por vasto e majestoso túmulo, já perfumado pelas auras da pátria, a amplidão do oceano.
(Pinheiro Chagas, 1909)