VISCONDE DE SOUSA SOARES
Nasceu em Vairão Vila do Conde em 24 de Fevereiro de 1846 e morreu em Junho de 1911, filho de José Alvares de Sousa Soares e de sua mulher, D. Maria José de Queirós.
O pai era médico e a mãe farmacêutica, e ambos seguiam tradições familiares, pois que desde o séc. XVIII em suas famílias existiram vários médicos e farmacêuticos.
No mesmo sentido orientou os seus estudos, mas a morte dos pais, quando era ainda muito novo, deixou-o sem recursos, pelo que resolveu tentar fortuna no Brasil, onde estava seu irmão primogénito. Fixou-se no estado de Rio Grande do Sul, em Pelotas, onde se dedicou com afinco aos estudos de botânica e química.
Ali teve a ideia de utilizar a planta brasileira chamada cambará no fabrico de um medicamento por ele inventado e registado sob o nome de Peitoral de Cambará, que teve grande êxito junto dos meios médicos e do público, e permitiu que o seu inventor fizesse avultada fortuna em poucos anos.
A Directoria-Geral de Higiene Pública do Estado do Rio Grande do Sul concedeu-lhe a equiparação oficial a médico e o governo do Brasil reconheceu-lhe oficialmente a qualidade de industrial-farmacêutico.
Publicou várias obras em que faz a apologia da Medicina homeopática.
As instalações que construiu foram modelares, incluídas num excelente parque, hoje absorvido na área da cidade e denominado Parque de Sousa Soares.
Ali construiu uma escola primária, que foi visitada pela princesa D. Isabel, a Redentora, com seu filho D. Pedro, pelo que depois se chamou Escola do Príncipe do Grão-Pará.
Abolicionista convicto, libertou os seus escravos, numa cerimónia pública que teve grande relevo, garantindo-lhes o seu futuro.
De regresso a Portugal, fundou no Porto o Estabelecimento Industrial de Produtos Farmacêuticos, que passou a ser a sede de uma fundação que fez com seus filhos, a Sociedade Medicinal Sousa Soares, Lda., para exploração dos seus produtos farmacêuticos e de que o estabelecimento de Pelotas passou a ser filial.
Foi um dos fundadores da Liga Monárquica do Norte e foi também proprietário e fundador do Jornal O Porto diário Monárquico da manhã, que se publicou de Outubro de 1809 a Dezembro de 1911, e que dirigiu durante algum tempo.
Casou duas vezes: eira com D. Joana Ramos, filha de Vicente Ramos, de que foi primogénito Leopoldo Álvares de Sousa Soares, que se fixou no Brasil onde casou, com D. Marieta Litran, filha de Guilherme Litran e de sua mulher D. Matilde Thallone; a segunda com D. Maria da Assunção Leite Brochado, filha de Afonso Augusto Cardoso Brochado e de sua mulher D. Maria Augusta Teixeira Leite de Azeredo Monterroio.
O titulo foi-lhe concedido em 1904 por D. Carlos.
Do segundo casamento do Visconde foi filho o medievalista e professor universitário Torquato Brochado de Sousa Soares, nascido no Porto em 1903 [ ].