Este ilustre moralista brasileiro, a quem a literatura dos dois países irmãos deve o ter também um representante de primeira ordem nesse género em que primou o francês La Rochefoucauld, nasceu no Rio de Janeiro a 18 de Maio de 1773.
Chamava-se Mariano José Pereira da Fonseca e era filho de um negociante.
Estudou em Portugal na Real Colégio de Mafra.
Formando-se depois em cânones na universidade.
Regressou ao Brasil em 1794, entrou como sócio na Academia Cientifica, violentamente dissolvida pelo vice-rei Conde de Resende, que a conspiração do tira-dentes trazia sobressaltado e inquieto. Mariano da Fonseca sofreu uma prisão arbitrária de dois anos, sem outra culpa que não fosse a de ter feito parte dessa academia.
Em 1802 entrou na vida pública, exercendo diversos cargos importantes, de forma que em 1823, depois de proclamada a independência do Brasil, foi chamado ao ministério da fazenda onde mostrou grande probidade e altos dotes financeiros.
Tendo-se mostrado partidário dos golpes de estado do Imperador, granjeou com isso uma certa impopularidade, que o desgostou e o levou a arredar-se da política, mas não tardou o público a fazer-lhe justiça.
O marquês nem por isso voltou à vida política activa, entregou-se então à redacção dos seis volumes das suas admiráveis MÁXIMAS que lhe deram grande e merecida reputação, e um lugar à parte na literatura portuguesa e brasileira.
Morreu na cidade onde nascera no dia 16 de Setembro de 1848.
As suas Máximas e Pensamentos constituem o seu principal pecúlio literário, mas com essa pequena bagagem alcançou mais depressa o Marquês de Maricá atinar com o caminho da glória do que o conseguem outros, carregados de avultadíssimo número de livros.
(Pinheiro Chagas, 1909)