Foi um preto que se tornou célebre pelo seu valor na guerra que arrancou aos holandeses Pernambuco e as capitanias vizinhas. Nasceu em Pernambuco, filho de pais africanos e aprendeu a ler.
Em 1633 apresentou-se o crioulo Henrique Dias, que era preto livre, com alguns homens da sua cor, a Matias dAlbuquerque, oferecendo-se para combater pela pátria.
Aceitou os seus serviços, logo se distinguiu à frente de 35 pretos no combate de Iguarassu, onde foi ferido duas vezes.
Em 1635 caiu prisioneiro quando o Arraial do Bom Jesus se rendeu, mas os holandeses, vendo um preto, não fizeram caso dele e deixaram-no ir em paz.
Henrique Dias tratou logo de se ir apresentar em Porto-Calvo ao general Português, e não tardou a distinguir-se no combate de 9 de Junho de 1636.
Em 17 e 18 de Fevereiro de 1637 é ele quem à frente de 80 pretos decide a vitória nas batalhas de Porto-Calvo, em que é ferido na mão quando corre mais severa a peleja.
Amputam-lhe a mão e ele volta ao combate.
Filipe IV deu-lhe então o hábito de Cristo, o foro de fidalgo, a patente de Cabo e governador dos homens pardos e creoulos com o ordenado de quarenta cruzados mensais e o título de mestre de campo.
Desde 1637 até 1645, Henrique Dias infatigável guerrilheiro não deixa um momento de descanso aos holandeses, e quando Maurício de Nassau quer cercar a Baía, Henrique Dias distingue-se na brilhante defesa da cidade.
Em 1645 foi juntar-se a Fernandes Vieira, que estava à frenta da insurreição pernambucana, e de passagem animou o pronunciamento da província das Alagoas.
Nas duas batalhas de Gararapes distinguiu-se muitíssimo, e quando os outros chefes quiseram tomar a ilha do Itamacará, exerceu ele por algum tempo o comando das forças que cercavam o recife.
Contudo expulsou os holandeses e D. João IV não se lembrou dele nas recompensas que os outros chefes não deixaram de receber.
Henrique Dias era preto, e o que por ele se fizera foi julgado bastante, se não demasiado.
Morreu quase esquecido no Recife no dia 7 ou 8 de Junho de 1662.