Poeta distintíssimo, nasceu na vila de S. José, em Minas Gerais no ano de 1740. Estudando no colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro, quando a Companhia foi abolida no ano de 1751, continuou os seus estudos no seminário episcopal, passando no ano de 1763 a conclui-los em Lisboa.
De Lisboa passou a Roma, onde esteve empregado num seminário. Voltando a Portugal sempre em busca de meios de subsistência, que lhe escasseavam, daqui regressou ao Brasil, donde, indigitado aos ódios do governo por algumas poesias que endereçara aos jesuítas, seus antigos protectores, foi remetido a Portugal.
Em Lisboa estava já para ser degredado par Angola quando teve a feliz ideia de dirigir uma súplica em verso à filha do Marquês de Pombal. O talento que a poesia revelava, chamou para ele a atenção do ministro, que desejou conhece-lo, e descortinando a sua vasta inteligência, empregou-o no seu gabinete e proporcionou-lhe vida feliz e tranquila. Grato ao seu protector, quando a desgraça o fulminou, José Basílio da Gama, conservou-se fiel no infortúnio e ganhou a estima da posteridade cuja admiração já lhe era devida pelos seus magníficos versos.
Esta nobreza dalma não podia ser então apreciada dos jesuítas, agora de novo, ainda que à socapa, triunfantes, e acusaram-no de traidor, por ele ser cortesão do desvalimento do marquês de Pombal, como fora do desvalimento deles.
Amargurado por estes desgostos, correu o resto da existência de José Basílio da Gama, existência que tivera apenas um passageiro clarão de felicidade, ora no Rio de Janeiro, ora em Lisboa, onde morreu obscuramente a 1 de Julho de 1795, tendo sido nomeado sócio correspondente da Academia Real das Ciências a 10 de Fevereiro do mesmo ano.
O seu mais notável titulo de gloria é o poema URUGUAY que celebra a guerra movida em 1756 por Gomes Freire de Andrade, conde de Bobadela, aos indígenas aldeiados no sul da América pelos jesuítas.
Alem das belezas da dicção e da alteza épica dos episódios, distingue-se este poema pelo esplendor dos quadros, que nele abundam, da natureza tropical, e pela como que adivinhação das minas de poesia, que se encerram nos costumes dos povos primitivos e incultos da ardente América. José Basílio da Gama foi no séc. XVIII, e antes de Chateaubriand, precursor de Fennimore Cooper.
(Pinheiro Chagas, 1909)