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Anto?nio Jose? da Silva
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ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA Uma desgraça horrível deu lastimosa imortalidade ao nome deste poeta, imortalidade que não granjearia talvez pelo seu talento cómico. Nasceu no Rio de Janeiro em 1705, duma família hebraica. Passando a Lisboa conquistou uma grande reputação com as suas óperas e comédias populares [ ] onde a par de muito movimento de cena, se encontram frequentes vezes ideias engenhosas, fecundas em efeitos cómicos e onde também ressaltam verdadeiros dotes de observação. Vítima de intrigas infames foi duas vezes preso nos cárceres do Santo ofício, e da segunda vez, apesar das tentativas dos seus protectores, entre os quais se encontrava D. Francisco Xavier de Menezes, Conde da Ericeira, foi queimado publicamente no auto de fé de 18 de Outubro de 1739, acusado de perseverar nas crenças hebraicas de seus pais, tendo ele negado até ao fim, tendo sido, no entanto, condenado pelos tribunais do Santo Ofício. Contava 34 anos. Se tivesse mais larga vida e, se em vez do ódio de um governo fanático, encontrasse com Moliére, a protecção esclarecida dum soberano como Luís XIV, António José, que tanto primou na farsa, elevar-se-ia talvez a colher os louros perduráveis da alta comédia. As suas produções mais célebres são a Vida de D. Quixote, que tanto fazia rir Bocage, a Vida de Esopo, cheia de bons ditos, o Labyrintho de Creta, os Encantos de Medêa e principalmente as Guerras do Alecrim e Mangerona, que têm enredo gracioso, cenas alegres e onde há o tipo de Lancerote, que rivaliza com o Geronte de Moliére, e o de Semicúpio, que nada fica a dever ao Scapin das farsas do grande escritor francês. (Pinheiro Chagas, 1909)